A ExxonMobil afirmou que reduzirá em um terço os gastos planejados para projetos de baixa emissão de carbono, retomando o foco em combustíveis fósseis e aderindo ao movimento de recuo entre grandes petroleiras de iniciativas de energia limpa.
A empresa, que é a maior produtora de petróleo dos Estados Unidos, também informou em uma atualização estratégica nesta terça-feira (3) que pretende elevar seus lucros e fluxo de caixa em US$ 5 bilhões até 2030, sem aumentar os investimentos de capital.
A Exxon disse que o gasto com iniciativas de baixa emissão de carbono será reduzido para US$ 20 bilhões nos próximos cinco anos, ante cerca de US$ 30 bilhões anteriormente. A companhia também suspendeu recentemente os planos para uma planta de hidrogênio de US$ 7 bilhões em Baytown, Texas, citando a baixa demanda de clientes.
Algumas das maiores empresas de petróleo e gás do mundo estão abandonando projetos de baixa emissão e redirecionando o foco para combustíveis fósseis, em meio à expectativa de que a demanda por petróleo permanecerá mais resiliente e de que a transição verde levará mais tempo do que o previsto.
O presidente Donald Trump fez da promessa de petróleo e gás abundantes e baratos um dos pilares de seu segundo mandato e se comprometeu a “exportar energia americana por todo o mundo”.
A britânica BP, em fevereiro, reverteu seu avanço em energia limpa para voltar a priorizar combustíveis fósseis, com o presidente-executivo Murray Auchincloss dizendo que a empresa foi “longe demais, rápido demais”. A companhia também engavetou planos para um projeto de hidrogênio e captura de carbono no nordeste da Inglaterra.
A Shell também abandonou um compromisso de 2021 de reduzir a produção de petróleo entre 1% e 2% ao ano até 2030 e baixou o valor de seu negócio de energia eólica de US$ 1 bilhão. Outras companhias, como a TotalEnergies, continuam investindo em suas divisões de energias renováveis.
O Departamento do Interior dos EUA realizará nesta quarta-feira (10) um leilão de concessão para 3 milhões de hectares no Golfo do México, conforme determinação do projeto de lei de impostos e gastos assinado por Trump. Analistas da TD Cowen esperam interesse de Shell, BP e Chevron.
A Exxon tem quatro novos campos na Guiana com início de produção previsto até 2030, além de decisões finais de investimento em projetos de gás natural em Papua-Nova Guiné e Moçambique.
O presidente-executivo da Exxon, Darren Woods, disse ao Financial Times no mês passado que as premissas consideradas pela empresa ao estabelecer metas anteriores de gastos com projetos de baixa emissão não se concretizaram, atribuindo isso à demanda decepcionante de clientes e às políticas governamentais.
A Exxon afirmou nesta terça-feira (9) que espera US$ 25 bilhões em crescimento de lucro e US$ 35 bilhões em crescimento de fluxo de caixa até 2030 em comparação com 2024, com a mesma base de preços e margens —uma melhora de US$ 5 bilhões em relação ao plano anterior.
Isso reflete “contribuições mais fortes de ativos privilegiados, um mix de negócios mais lucrativo e menores custos operacionais”, disse a empresa.
A Exxon também anunciou que sua diretora financeira, Kathy Mikells, se aposentará em fevereiro de 2026 e será substituída por Neil Hansen, presidente de soluções globais de negócios da companhia.
Fonte: Folha SP
