A Caixa anunciou nesta terça-feira (9) que voltou a permitir que clientes contratem mais de um financiamento imobiliário com recursos do SBPE (Sistema Brasileiro de Poupança e Empréstimo). A medida, que estava suspensa desde novembro de 2024, faz parte de um pacote de mudanças iniciadas neste ano para aliviar restrições de crédito, ampliar o acesso à moradia e impulsionar o setor de construção civil.
Na prática, a regra derruba uma trava que impedia que clientes com um financiamento ativo, assim como seus cônjuges —independentemente do regime de casamento—, contratassem um segundo empréstimo imobiliário pelo banco. A restrição durou 13 meses, período em que a Caixa tentou evitar um descompasso maior entre a demanda por crédito e a liquidez reduzida do SBPE.
Com a retomada da modalidade, famílias e investidores voltam a ter acesso a múltiplas operações na linha, cuja correção é feita pela TR e que oferece taxas a partir de 10,99% ao ano, com prazo de até 35 anos.
Segundo o presidente da Caixa, Carlos Vieira, a mudança foi possível após o Banco Central liberar parte do compulsório da poupança —exigência que determina o volume que as instituições precisam manter retido.
Em nota, Vieira disse que a “liberação do compulsório da poupança contribui para ampliar a liquidez do sistema financeiro, oferecendo suporte às operações de crédito imobiliário em um cenário de maior demanda”.
Para Murilo Arjona, especialista em financiamento imobiliário, a medida cria um cenário mais favorável tanto para o comprador quanto para o mercado.
Durante o período de restrição, apenas três modalidades permitiam mais de um financiamento por CPF: imóveis de leilão da própria Caixa, empreendimentos vinculados ao banco e operações atreladas ao CDI, que chegavam a ultrapassar 15% ao ano de taxa de juros, o que limitava o interesse do consumidor.
Com a nova regra, todas as linhas voltam a permitir múltiplos financiamentos, incluindo SBPE, imóveis avulsos e operações tradicionais que haviam sido bloqueadas.
A medida se soma a um pacote mais amplo de ajustes desenhado para a compra da casa própria pelas classes média e alta.
No mês passado, o governo federal elevou o teto do SFH (Sistema Financeiro da Habitação), que passou de R$ 1,5 milhão para R$ 2,25 milhões, reposicionando parte dos imóveis de médio e alto padrão dentro das regras do sistema, conhecido por oferecer juros inferiores aos do SFI (Sistema Financeiro Imobiliário).
Anteriormente, a Caixa também ampliou a cota de financiamento, voltando a financiar até 80% do valor do imóvel na modalidade SAC e 70% na Price, o que reduz a necessidade de entrada e dá mais alcance às famílias cuja renda foi comprimida pela inflação e pela alta dos preços dos imóveis.
Outra frente é a linha de crédito para reformas, lançada em outubro no programa Reforma Casa Brasil, com taxas mais atrativas.
Thierry Mendes, corretor imobiliário e sócio da Arremate Perfeito, empresa especializada em educação, assessoria jurídica e intermediação no setor imobiliário, diz que a alteração tende a aumentar a concorrência entre bancos e pode reduzir barreiras de acesso ao financiamento em 2026.
Fonte: Folha SP