Pluribus — meio Borg, meio Rick and Morty, tudo de bom – Meio Bit

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Pluribus — meio Borg, meio Rick and Morty, tudo de bom – Meio Bit

Pluribus é a nova série de Vince Gilligan, criador de Breaking Bad, uma série que nunca tive vontade de assistir, depois que virou obrigação e todo mundo era moralmente induzido a assistir. Ele também tem no currículo coisas como o injustiçado Hancock, Community e Os Cavaleiros Solitários, e como FC é minha praia, decidi dar uma chance.

E que chance! Em uma época de séries derivativas, chupando conceitos antigos e reescrevendo histórias sem nada a acrescentar, Pluribus é um alento, uma série que consegue ser familiar E original ao mesmo tempo, fruto da alta qualidade do texto.

Pluribus – A Premissa

Um grupo de cientistas recebe um sinal de uma estrela a 600 anos-luz da Terra. O sinal é decodificado como uma sequência de DNA – e aqui é a parte mais realista da série – que prontamente é transcodificada em um vírus, que obviamente escapa.

Em um evento apocalíptico o vírus é ativado simultaneamente no mundo todo, e a Humanidade se torna uma entidade única, uma consciência coletiva que é a soma de todas as mentes do planeta.

Qualquer um em qualquer lugar tem todas as memórias e habilidades de todos os humanos existentes. Imediatamente todas as guerras cessam, animais de zoológicos são soltos, o abate e criação de animais deixa de existir, a Terra vira uma gigante colmeia de paz e harmonia.

“Eu odeio todas vocês” (Crédito: Reprodução/High Bridge Productions/Bristol Circle Entertainment/Sony Pictures Television/Apple)

Exceto para treze indivíduos, imunes ao processo de assimilação, entre eles Carol Sturka (Rhea Seehorn, de Better Call Saul), uma escritora meio revoltada de romances vagabundos extremamente populares. Carol não é uma boa pessoa. Alcoólatra contumaz, ressentida com Helen, sua assistente/conselheira/namorada, que não deixa Carol se assumir como lésbica para não prejudicar as vendas, menosprezando seus fãs e caprichando na autossabotagem, Carol é tudo menos uma Mary Sue.

Ela toma decisões erradas, é precipitada, faz caquinha e é tudo o que Rey “Skywalker” não era, mas o povo que gosta de reclamar de tudo agora diz que Carol é “antipática”. Se fosse homem, ela seria Gregory House e estariam aplaudindo.

Helen morre em um acidente de carro durante o Evento de Assimilação, e Carol logo percebe o que está acontecendo, relutantemente aceitando ser auxiliada por Zosia (Karolina Wydra), uma das muitas facetas da Mente Coletiva.

Eles São do Bem?

Carol descobre que a Entidade não pode mentir, e faz tudo que ela quer. A Mente Coletiva diz amar Carol, e está pesquisando como assimilá-la, mas até lá não fará nenhum mal, e são tão bonzinhos que são incapazes de matar uma mosca, literalmente. Nem frutas eles tiram do pé, esperam cair naturalmente.

É praticamente um planeta de Lisas Simpsons, e cada vez que Carol acha que descobriu um “gotcha!”, algo que a Entidade está escondendo, ela é confrontada e vê que não, é tudo às claras.

As Inevitáveis Referências

Até agora, nenhuma, juro! Eles poderiam ter colocado toneladas de referências clássicas, mas não, Pluribus é totalmente “limpa”, não há nenhum casulo alienígena em algum canto, nenhum cubo Borg de decoração. O que Pluribus tem são INFLUÊNCIAS.

Os mais novos vão reconhecer na hora as similaridades com o episódio Auto Erotic Assimilation (S02E03), de Rick and Morty, quando Rick, Summer e Morty vão parar em um planeta assimilado por Unity, uma entidade coletiva que já havia sido peguete do Rick.

Isso, por exemplo, é uma referência explícita (Crédito: Reprodução/Williams Street/Harmonious Claptrap/Justin Roiland’s Solo Vanity Card Productions!/Starburns Industries/Rick and Morty, LLC./Adult Swim/Cartoon Network/Warner Bros.)

Unity acaba com as guerras, promove paz mundial, cria um mundo de paz e harmonia, sem individualismo, só que Rick aproveita isso para curtir, incluindo promover uma orgia em um estádio com boa parte das ruivas do planeta. Esses arroubos emocionais acabam desestruturando Unity, o que causa desastres e mortes pelo planeta.

Esse exato mesmo conceito foi replicado em Pluribus, mas não a cena em si. Pluribus é uma série criminosamente escassa em termos de orgias com ruivas em estádios de futebol, mas ninguém é perfeito.

Invasores de Corpos, 1978, filmaço (Crédito: Reprodução/Solofilm/United Artists/MGM/Amazon)

Há paralelos com o clássico Invasores de Corpos, de 1978, com as pessoas se tornando cópias imperfeitas, emocionalmente pasteurizadas, como se o planeta inteiro vivesse em antidepressivos, só despertando para a realidade quando precisa interagir com Carol, ou outros dos 13.

Fugindo de Clichês

Assim que falaram dos outros 12 humanos imunes, ficou claro que Pluribus seria uma série estilo road trip, a caça aos 12, etc. Não, a Entidade está perfeitamente confortável em enviar mensagens de Carol para eles, e até promover encontros físicos presenciais.

Unit-digo, a Entidade é o inimigo mais gentil e atencioso que você já viu, ela faz tudo que Carol pede, responde a tudo, cheia de gentileza, o que não pode ser dito dos outros humanos.

A maioria ainda vive com suas famílias, com a Entidade agindo como se eles fossem indivíduos, mas sem mentir, claro. As pessoas preferem acreditar que os assimilados ainda são os mesmos, e, bem, fisicamente eles são, e retém todas as memórias e sensações originais. O problema é que agora todas as pessoas do mundo compartilham disso.

Exceto Koumba Diabaté (Samba Schutte), um sujeito da Mauritânia que partiu do princípio que se o mundo está acabando, é melhor aproveitar. Ele tem uma atitude extremamente positiva quanto à Entidade, que corresponde atendendo seu desejo por… bem… sabe o Lobo do Pica-Pau? É ele.

Compreensível (Crédito: Reprodução/NBCUniversal)

O sujeito voa no Força Aérea Um, cercado de supermodelos, come dos melhores restaurantes, leva a vida de playboy que ele nunca sonhou tornar realidade, mas no mundo pós-apocalipse é só questão de levantar o dedo.

Carol, enquanto isso, descobre que arroubos emocionais afetam a Entidade, mas isso tem um preço bem alto. Todos os humanos do planeta ficam incapacitados por vários minutos, imagine o que isso causa a pilotos, maquinistas, cirurgiões…

“Is good to be the king” – Diabaté (Crédito: Crédito: Reprodução/High Bridge Productions/Bristol Circle Entertainment/Sony Pictures Television/Apple)

Conclusão

Pluribus conta a história de uma das pessoas mais individualistas do planeta vivendo em um paraíso da misantropia, mas decidindo que é seu dever salvar o mundo, pois por mais que o mundo tenha se tornado uma utopia, não é natural, ninguém decidiu se unir ao Coletivo.

Ao mesmo tempo, há toda uma discussão de como um coletivo absolutamente bondoso, com a melhor das intenções e ideais éticos inquestionáveis, podeser,r ao mesmo tempo, algo extremamente nefasto.

Pluribus consegue fugir de todos os clichês de séries do gênero, e não fica enrolando mistérios, como Lost, nós aprendemos sobre a Mente Coletiva junto com Carol, e entendemos quando ela se frustra, quando ela faz caca e se arrepende, ou quando ela descobre que não é tão esperta quando acha que é.

Carol Sturka é uma personagem imperfeita em um mundo perfeito, e talvez seja dessa imperfeição que precisemos para salvar o mundo. Mas não agora, Pluribus já foi renovada para uma segunda temporada.

Cotação:

5/5 Unities

Onde Assistir:

Pluribus passa no Apple+.

Trailer

Fonte: Tecmundo, Olhar Digital, MeioBit

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