O ex-lateral Vinícius Freitas, que já vestiu as camisas de clubes como Cruzeiro e Lazio (ITA), se prepara para um novo desafio: o mercado de assessoria de investimentos. Ao lado da XPlay – braço da XP Investimentos focado em atletas, artistas, influenciadores e gamers – ele quer levar educação financeira aos colegas de profissão, muitos deles craques com a bola, mas nem sempre habilidosos com o dinheiro.
“Futebol é bem assim: o cara ganha R$ 800 mil por mês e gasta R$ 900 mil”, afirma o ex-atleta, que vê esse descontrole em mais de 80% dos profissionais. “A maioria migra da pobreza total para o estrelato. E, se você não tem uma assessoria por trás, pode se complicar”, alerta.
Influenciado pelo irmão, Felipe Ribeiro, que já atuava no mercado financeiro, Vinícius seguiu direção oposta à da maioria dos colegas: ao longo da carreira, manteve disciplina nos gastos e foco na construção de patrimônio.
Na nova fase da vida, ele quer compartilhar com outros personagens do esporte o que aprendeu sobre gestão do dinheiro – somado à visão de quem, ainda nos primeiros anos de carreira, já circulava por esse ambiente.
“O futebol me ajuda muito nessa nova jornada porque falo a mesma língua dos demais jogadores”, explica. “Mesmo os atletas que não me conhecem pessoalmente vão me ouvir e estarão abertos a entender nossa proposta de geração de valor.”
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Primeiros passos no mercado financeiro
Ao longo da carreira, Vinícius jogou com nomes como Felipe Anderson, Philippe Coutinho, Hernanes (o “Profeta”) e Wellington Silva – colega nas categorias de base da seleção e seu primeiro cliente como assessor.
“Ele é um irmãozão, e os primeiros clientes são sempre os mais próximos”, diz. “Estamos com um projeto de montar uma holding familiar para o Wellington Silva”, completa.
Em contato constante com outros jogadores, Vinícius diz ter percebido, ainda nos gramados, a ausência de uma orientação financeira adequada – realidade que, segundo ele, contribui para que muitos atletas sejam enganados quando o assunto é dinheiro.
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“Tem uma estatística que mostra que, cinco anos depois de encerrar a carreira, muitos jogadores — inclusive de alto nível, caras que já vestiram camisas como a do Real Madrid — perdem tudo. E isso não acontece só no futebol; na NBA é a mesma coisa”
Um estudo recente da Associação Brasileira de Planejamento Financeiro (Planejar) estima que um jogador da Série A precisaria acumular R$ 107,5 milhões ao longo da carreira para manter o padrão de vida após deixar os gramados.
Para enfrentar esse cenário, Vinícius – em parceria com a XP e com o irmão – quer oferecer uma assessoria financeira completa, que inclui câmbio, planejamento tributário, estruturas offshore e criação de holdings familiares.
Ele também planeja atuar nas categorias de base de clubes brasileiros, realizando palestras e mostrando aos jovens atletas a importância do planejamento financeiro desde cedo.
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Carreira no futebol
Natural do Rio de Janeiro, Vinícius iniciou sua trajetória no futsal aos seis anos, no Flamengo. Após ser reprovado no clube, ingressou no Vasco da Gama, onde jogou com nomes como Philippe Coutinho.
Mais tarde, retornou ao Flamengo e permaneceu até os 16 anos, quando se transferiu para o Cruzeiro. No clube mineiro, ganhou destaque ao conquistar o bicampeonato brasileiro Sub-20 e títulos regionais em todas as categorias.
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O desempenho chamou a atenção do mercado e, em 2013, ele foi vendido para a Lazio, da Itália. Lesões musculares, porém, comprometeram sua atuação, e o clube o emprestou para equipes da Série B italiana, como Pavia e Perugia.
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Na Europa, reencontrou o bom momento no FC Zürich, da Suíça, onde foi campeão da Copa da Suíça. Depois, se transferiu para o AEK, da Grécia, conquistou um título nacional e disputou a fase de grupos da Liga Europa.
Após um ano e meio no futebol grego, voltou ao Brasil em 2018 para defender a Chapecoense — um dos períodos mais desafiadores da carreira, então com apenas 25 anos. No clube catarinense, sofreu sua primeira lesão grave, passou por cirurgia no púbis e identifica esse momento como o início de seu declínio.
Mesmo machucado, teve o contrato renovado por mais dois anos, mas novas lesões, agora no joelho, levaram ao fim do vínculo em 2020, ano marcado pela pandemia da Covid-19.
Em 2021, enquanto jogava pelo Joinville, sofreu outra lesão no joelho, que exigiu cirurgia e o deixou quase dois anos parado. Foi nesse momento que decidiu encerrar a carreira: o corpo “não aguentava mais”.
Suas últimas experiências foram em Malta, pelo Ħamrun Spartans, onde conquistou o campeonato local, e na Itália, já em 2023, quando disputou a Série D, atuando como líder de grupo e ajudando a equipe a se manter na divisão.
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Fonte: infomoney